sábado, 10 de maio de 2014

Sobre Outra Manhã

E então, já é de manhã
Era um sonho bom. Um loiro alto e gentil
Tão inocente e doce como jamais conhecerei
Mas não posso retornar à ele.
Cada passo ao banheiro
Cada mordida num pão
Cada uma das três repetições de café puro.
Meus olhos tremem junto ao ponteiro.
-Saio de casa- 
Caminho rapidamente e sem alguma elegância...
Como disse aquela vaca, me mandando levantar a cabeça
Com sua tinta de quinta qualidade desbotando e deixando transparecer seus fios brancos
E seu sorriso raso com dentes manchados de batom marrom.
Esqueço e prossigo, sem graça.
Meu olhar é baixo e lento.
Penso em tudo que fiz nos últimos dois anos
Tudo para me sentir passada pra trás no final
É tudo frio e sujo.
Aquele velho bêbado no chão, suas garrafas em volta e suas cantadas podres novamente. 
Algumas pessoas simplesmente são incapazes de propagar sentimentos bons.
Percorro algumas quadras
Uma senhora varre sua calçada
Sempre as seis da manhã
Não sei bem o por quê da exatidão do horário
Cruzamos nossos olhares
Que traduz com piedade, e
Vaga tentativa de transmitir sororidade
Ambas sabemos que não há um bom motivo para nada disso.
Não há lixo, não haverão visitas. 
Aquela coitada preenche cada segundo que lhe resta para não ter de lamentar o que vivera até aqui
Detesto aquele relógio perturbador em frente ao ponto de ônibus
Detesto pessoas esbarrando em mim no transporte público
Tão cheio... Não passam de seis da manhã!
E sei do infortúnio do destino da maioria dos humanos compactados naquele lugar.
É. É só mais uma manhã.






Tradução do que gostaríamos de estar falando mas preferimos falar sobre estatísticas

Notei Que a vizinha da esquina ama as flores Toda aquela parede verde, e aqueles vasos coloridos quase sorriem, gratos por serem a única c...