quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Um lugar seguro

  É uma tarde chuvosa. Observo o granizo cair por de trás do vidro desse lugar que odeio ter de me esconder. O farol novamente quebrado. Uma batida de carro e palavrões cotidianos. A chuva cai positivamente incessante como idéias na minha cabeça, mas ao contrário dessas, a tempestade é indestrutível. Ouço meu nome em voz indelicada interrompendo meu devaneio, castrando minha produção autônoma. Penso em cuspir em sua cara, mas ao contrário, após filtrar suas palavras, ouço com resignação.

   E na calçada aquele diabo com calças rasgadas passa novamente exalando o fedor do existir sem uma boa ilusão, e todas aquelas pessoas iludidas reclamam do cheiro e riem, afinal, a graça da vida só há quando não nos perguntamos se existe uma razão para levantar todas as manhãs, certo? Eu desejava mesmo cuspir em alguém.  

  A chuva engrossa. Todos se concentram embaixo do toldo, mas talvez eu não quisesse me privar de receber as gotas d’água em meu rosto... Aqui, coberta e segura... Não sinto a vida. 

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